"Transitáveis" exposição de Claudia Hamerski
Abertura: 08 de outubro de 2008, às 19h.
Visitação: 09 a 22 de outubro de 2008.
De terça à sábado, das 14 às 18 hs.
Visitação: 09 a 22 de outubro de 2008.
De terça à sábado, das 14 às 18 hs.
A rede de linhas que transforma o espaço, estendendo-se além dos limites do visível sugere dois momentos: o do olhar aproximado e o do olhar distanciado. No primeiro caso, vamos nos ater no detalhe, onde o movimento das linhas é rico em minúcias; no segundo, podemos visualizar o conjunto que se expande em uma estrutura harmônica e modular cujas linhas permitem que o olhar se desloque em qualquer direção.
O elemento árvore rege a composição; o seu tronco ricamente elaborado em linhas proporciona o seu agigantamento, pois ele é fotografado de baixo para cima para depois ser desenhado da mesma maneira. A sua força contrasta com a delicadeza dos galhos que traçam um emaranhado de linhas no céu e, mais tarde no papel.
O reconhecimento do objeto representado se perde na contemplação do conjunto, pois Claudia Hamerski altera a lógica quando brinca com a nossa percepção; o senso lúdico, no sentido de jogo formal, nos desorienta e passamos a enxergar outras figuras através do espelhamento das imagens. A tradução silenciosa do imaginário nos conduz por caminhos que buscam semelhanças e/ou significados na sua obra latente de transformações. Será que o que vemos são árvores, neurônios, veias, linhas ou manchas que se movimentam sobre o papel?
A trama em linhas nos instiga a buscarmos as conexões entre as partes e o todo, onde os desenhos sutis elaboram paisagens e, com os espaços vazios, promovem as pausas necessárias para que o equilíbrio seja o mediador do nosso olhar. Assim, o trabalho é construído por meio de uma articulação modular autônoma, onde cada módulo fala por si ou dialoga com o outro, expandindo-se do papel à parede, numa sintonia rítmica, gradeada e de desdobramento infinito.
O caminho da obra é determinado pelo fazer, na medida em que os fragmentos formam uma grande composição e estabelecem uma ação visual calcada na técnica e na busca de novos rumos dentro do seu processo criativo. Apenas papel e grafite e a multiplicidade de relações possíveis entre os desenhos tornam a sua criação sempre renovada e sempre aberta às transformações decorrentes das repetições.
A repetição, como procedimento plástico, constrói possibilidades e variantes no conjunto final: os módulos da artista tornam-se ricos em suas diferenças, reafirmando que “... o procedimento mesmo sendo sistemático e recorrente, se diferencia da criação de um padrão.” ( CATTANI, 1998, p.199).
O desenho como linguagem, na arte contemporânea, tece relações da matéria dentro de um limite de tempo e espaço e torna-se o instrumento através do qual o autor expressa o seu pensamento. É assim, que através das tramas de linhas que tramam o nosso olhar que Claudia Hamerski nos apresenta os seus desenhos.
Ana Zavadil - Curadora
REFERÊNCIAS:
CATTANI, Icleia. Série e repetição na arte moderna e contemporânea. In OLIVEIRA, Ana Claudia May. FECHINE, Ivana (eds). Semiótica da Arte: teorizações, análises e ensino. São Paulo: Hacker Editores (Centro de pesquisas sócio semióticas/PUC/SP/CNRS0. 1998, p.193-200.
Nenhum comentário:
Postar um comentário