Bazar Marciano


Neste sábado e domingo, dias 20 e 21 de dezembro, a Galeria de mArte estará de portas abertas para BAZAR MARCIANO, um fim-de-semana para os artistas marcianos exibirem e comercializarem sua produção artísitica em seu próprio atelier.
BAZAR MARCIANO
Dias 20 e 21 de dezembro
das 14h30 às 20h
Galeria de mArte - Osvaldo Aranha, 522, sobreloja

Borboletas - de Liane Borghetti Krenzinger

Exposição: Borboletas - de Liane Borghetti Krenzinger
Abertura: 3 de dezembro, das 19h às 21 h
Visitação: de 4 a 17 de dezembro, de terças a sábados, das 14h às 18h

Bando de Barro Invade - Coletiva

Bando de Barro Invade
Org. Caren Czerwinski e Miriam Gomes
Abertura: 20 de novembro de 2008, quinta-feira, das 19h às 21h
Visitação: de 21 de novembro a 30 de novembro - terça a sábado, das 14 às 18

Exposição DEMÊNCIA5 - Roberto Piedade


Abertura: 29 de outubro de 2008, às 19h

Visitação: de 30 de outubro a 12 de novembro

de terça a sábado, das 14h às 18h

Curadoria: Ana Zavadil





Exposição "Transitáveis" - Claudia Hamerski













Skulptur Projekte Münster, com Flávio Gil

dia 13 de outubro, às 18 horas
Faculdade de Educação - sala 703
Campus Centro, UFRGS

"Transitáveis" exposição de Claudia Hamerski


Abertura: 08 de outubro de 2008, às 19h.
Visitação: 09 a 22 de outubro de 2008.
De terça à sábado, das 14 às 18 hs.

A rede de linhas que transforma o espaço, estendendo-se além dos limites do visível sugere dois momentos: o do olhar aproximado e o do olhar distanciado. No primeiro caso, vamos nos ater no detalhe, onde o movimento das linhas é rico em minúcias; no segundo, podemos visualizar o conjunto que se expande em uma estrutura harmônica e modular cujas linhas permitem que o olhar se desloque em qualquer direção.
O elemento árvore rege a composição; o seu tronco ricamente elaborado em linhas proporciona o seu agigantamento, pois ele é fotografado de baixo para cima para depois ser desenhado da mesma maneira. A sua força contrasta com a delicadeza dos galhos que traçam um emaranhado de linhas no céu e, mais tarde no papel.
O reconhecimento do objeto representado se perde na contemplação do conjunto, pois Claudia Hamerski altera a lógica quando brinca com a nossa percepção; o senso lúdico, no sentido de jogo formal, nos desorienta e passamos a enxergar outras figuras através do espelhamento das imagens. A tradução silenciosa do imaginário nos conduz por caminhos que buscam semelhanças e/ou significados na sua obra latente de transformações. Será que o que vemos são árvores, neurônios, veias, linhas ou manchas que se movimentam sobre o papel?
A trama em linhas nos instiga a buscarmos as conexões entre as partes e o todo, onde os desenhos sutis elaboram paisagens e, com os espaços vazios, promovem as pausas necessárias para que o equilíbrio seja o mediador do nosso olhar. Assim, o trabalho é construído por meio de uma articulação modular autônoma, onde cada módulo fala por si ou dialoga com o outro, expandindo-se do papel à parede, numa sintonia rítmica, gradeada e de desdobramento infinito.
O caminho da obra é determinado pelo fazer, na medida em que os fragmentos formam uma grande composição e estabelecem uma ação visual calcada na técnica e na busca de novos rumos dentro do seu processo criativo. Apenas papel e grafite e a multiplicidade de relações possíveis entre os desenhos tornam a sua criação sempre renovada e sempre aberta às transformações decorrentes das repetições.
A repetição, como procedimento plástico, constrói possibilidades e variantes no conjunto final: os módulos da artista tornam-se ricos em suas diferenças, reafirmando que “... o procedimento mesmo sendo sistemático e recorrente, se diferencia da criação de um padrão.” ( CATTANI, 1998, p.199).
O desenho como linguagem, na arte contemporânea, tece relações da matéria dentro de um limite de tempo e espaço e torna-se o instrumento através do qual o autor expressa o seu pensamento. É assim, que através das tramas de linhas que tramam o nosso olhar que Claudia Hamerski nos apresenta os seus desenhos.
Ana Zavadil - Curadora

REFERÊNCIAS:
CATTANI, Icleia. Série e repetição na arte moderna e contemporânea. In OLIVEIRA, Ana Claudia May. FECHINE, Ivana (eds). Semiótica da Arte: teorizações, análises e ensino. São Paulo: Hacker Editores (Centro de pesquisas sócio semióticas/PUC/SP/CNRS0. 1998, p.193-200.

Exposição Vislumbres da Linha II - Fernanda Branchelli




Visitação: 10 a 24 de setembro de 2008.
De terça à sábado, das 14 às 18 hs.

Bando de Barro invade Porto Alegre


CONVITE

A Galeria de mArte, através do projeto Bando de Barro invade Porto Alegre, comunica que estará realizando no período de 20 a 30 de novembro de 2008 a exposição fotográfica-cerâmica em (suas) duas dimensões- e gostaria de convidar artistas que queiram expor trabalhos em fotografia e cerâmica para fazer parte da realização dessa mostra que objetiva exibir um olhar estético abrangente na percepção do fazer cerâmico.

1. Sobre a Galeria de mArte
Localizada na Av.Osvaldo Aranha 522/sobreloja, em Porto Alegre/RS, é um ateliê conduzido por dez artistas e que segue o conceito contemporâneo de galeria coletiva. Fundada em 2001 com o propósito de difundir e estimular a arte contemporânea, mais que uma galeria alternativa é um espaço que busca a possibilidade de colocar em circulação novos artistas e suas produções, bem como proporcionar a criação de novas linguagens e estímulos artísticos.

2. Sobre o Bando de Barro
O Bando de Barro constitui-se de professores, ex-professores, alunos, ex-alunos do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, curiosos de primeira viagem e demais pessoas interessadas na produção da cerâmica. Criado em 2004, seus integrantes são cambiantes, vão e voltam, e os errantes são sempre bem-vindos. Inicialmente formado por ceramistas não ortodoxos, o Bando sempre pode acolher outras linguagens, porém, tem como propósito a pesquisa e a produção em cerâmica contemporânea. Tem como lema a convivência harmônica e pacífica e como princípio o respeito à vida no Planeta Terra.

3. Projeto
O projeto Bando de Barro invade Porto Alegre tem por objetivo investigar e exibir concomitantemente em diversos espaços expositivos a produção cerâmica artística contemporânea em Porto Alegre, promovendo artistas que concentram suas pesquisas no fazer cerâmico e estimulando a experimentação e pesquisa em cerâmica. Considerando que a produção cerâmica contemporânea tem sido mostrada de forma isolada e esporádica e há um quase desconhecimento da linguagem cerâmica pela comunidade, a realização deste projeto busca dar visibilidade à cerâmica. O Bando de Barro tem a plasticidade do barro e pode modelar-se para ocupar os seguintes espaços:

FUNDAÇÃO ECARTA http://www.fundaçãoecarta.org.br/
ATELIÊ SUBTERRÂNEA
http://www.subterrânea.art.br/
ESPAÇO KORALLE
www.koralle.com.br
GALERIA DE mARTE
www.galeriademarte.blogspot.com
ASSOCIAÇÃO CHICO LISBOA
www.chicolisboa.com.br
LIVRARIA PALAVRARIA
LIVRARIA ZOUK

Tema dos trabalhos:
Registro das possíveis formas da cerâmica: primitiva, contemporânea, ocasional, etc. É a percepção artística do expectador sobre o fazer cerâmico.


Exposição:
Até 3 fotos impressas coloridas ou P&B medindo no mínimo 15x21cm e/ou
Até 3 fotos digitalizadas em alta resolução e/ou
1 ou mais placas de cerâmica com medida máxima de 10x10cm, com processo, cor e temática livre.

Prazo da entrega:
Os trabalhos remetidos por correio deverão ser postados até o dia 31/10/2008.
As fotos remetidas por e-mail deverão ser recebidas até o dia 10/11/2008.
As fotos impressas serão expostas no espaço da galeria e deverão conter o título e nome do autor no verso. As fotografias digitais serão projetadas neste mesmo espaço apenas no dia da abertura da exposição.

Envio dos trabalhos:
Pelo correio: Rua João Neves da Fontoura, 117 – Centro – São Leopoldo – RS - CEP 93010-050 - Brasil
Por e-mail:
galeriademarte@gmail.com

Devolução dos trabalhos:
Os trabalhos dos participantes não residentes em Porto Alegre serão devolvidos por correio apenas ao artista que envie envelope selado para tal finalidade. Os artistas que residirem em Porto Alegre deverão retirar seus trabalhos em data e horário a combinar.
Os artistas deverão providenciar a retirada de seus trabalhos no prazo de até 20 dias do término da exposição.
Os direitos das fotos serão cedidos a Galeria de mArte, podendo esta fazer seu uso para a divulgação da exposição.

Para nos auxiliar na organização da exposição, por favor, preencha os dados da ficha de inscrição.


Agradecemos a sua participação.

Qualquer dúvida entre em contato conosco.

Caren Czervinski
Cel. (51) 9988.2097
Miriam Gomes
Cel. (51) 9963.6914

Porto Alegre/RS - Brasil


Josué Jacinto

geral@jokerartgallery.com

Lisboa - Portugal

Vislumbres da Linha II - Fernanda Branchelli

Abertura: 10 de setembro de 2008, às 19h.
Visitação: 10 a 24 de setembro de 2008.
De terça à sábado, das 14 às 18 hs.
“Desenhar é várias coisas.
É lançar a linha no espaço, anarquicamente, mas com aquela ordem interna que só quem faz sabe.
É estabelecer um continente, que aparentemente não contém nada, mas onde pode caber tudo (e onde cabe o vazio que é nada e tudo ao mesmo tempo).
É criar relações entre coisas, dando pesos e valores.
É falar de objetos e fazê-los falar.
E finalmente é lançar um olhar para a realidade, procurando e achando significados”.
Ester Grinspum
Os desenhos de Fernanda Branchelli têm uma pitada de tudo que se leu no belo texto de Ester Grinspum ( 2007,p.107). A artista lança suas linhas no espaço do papel sem ter uma pré-concepção do resultado final do trabalho. A sensualidade de uma linha mais curva acaba delineando corpos femininos ou de animais. As formas são traçadas com liberdade, a linha alcança autonomia indo e vindo, traçando curvas e retas. O nanquim, as folhas de ouro e prata e caneta gel preenchem os espaços onde as linhas se cruzam. Surgem as texturas sobre o plano e as cores que envolvem um espaço determinado; criam-se relações que justificam o todo, à medida que Fernanda constrói as linhas. Do puro movimento poético nascem ligações sutis que sugerem o vislumbre de um ser reconhecível.
Da escultura veio o desejo de trazer a aparência tridimensional ao desenho, agregando a colagem em seu processo criativo. Os seus desenhos passam a ter diferentes planos indicando uma possibilidade na criação de volumes, além do movimento para o qual o olhar é instigado a seguir. As zonas mais densas e coloridas ou as que formam grandes contrastes entre o preto e o branco encarregam-se de conduzir o caminho a ser percorrido dentro do espaço da representação.
A artista elabora seus desenhos com uma técnica refinada: alguns são ricamente trabalhados com diversos materiais, outros de maneira mais econômica com nanquim sobre papel, todos inscritos com a mesma desenvoltura, donos de magia própria que nos encantam, ao mesmo tempo em que nos incitam a buscar dentro das formas o reconhecimento da figura. Ela existe, pode estar nos vãos, mostrando-se pouco a pouco, como uma armadilha pronta a nos capturar.
As sutilezas, a beleza e o rigor na construção técnico-formal concebem um conjunto fascinante para o nosso deleite e para a afirmação do desenho como uma linguagem independente que, cada vez mais, se expande e toma seu lugar definitivo na arte contemporânea, agregando adeptos e admiradores.
Ana Zavadil - Curadora
REFERÊNCIAS:
GRINSPUM, Ester. Do desenho. In: DERDYK, Edith (org). Disegno.Desenho.Desígnio. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2007, p. 99-108.

Urbanário: criaturas urbanas do imaginário - Joelson Bugila


O fato de uma galeria receber uma exposição de um artista que tem o foco voltado à Street Art não é nenhuma novidade. A década de 80 foi marcada pelo retorno de muitos artistas à prática da pintura; o neo-expressionismo alemão deu maior intensidade a este movimento trazendo com ele o interesse por novas linguagens: as telas em grandes formatos, os gestos espontâneos relacionados com questões políticas e sociais. A arte de rua, naquele momento, ganhou força e foi para os ateliers. Em 1981, a Fun Gallery, em Nova York exibia artes plásticas, música e dança e impulsionou a carreira de vários grafiteiros como Jean-Michel Basquiat (1960-1988), talvez o mais célebre de todos.
O graffiti, nome dado às inscrições feitas em paredes desde o Império Romano, continua sendo praticado até nossos dias. Na contemporaneidade ele divide-se em duas categorias distintas: a primeira, como contravenção (pichações); a segunda, como um meio de expressão (desenhos ou formas caligráficas em espaços públicos) inserida no âmbito das artes visuais, mais precisamente na Arte Urbana ou Street Art.
Joelson Bugila, graduando em artes visuais pela UNESC (Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina) é um artista que pratica a arte urbana, tendo como ação a pintura de muros e casas abandonadas do perímetro urbano. Ele afirma que: “ as grandes cidades são cinzas, elas precisam de colorido, elas pedem intervenções.” Revestir o não-lugar de um muro ou de uma casa abandonada em um novo lugar para o olhar, dando-lhes uma nova identidade, constitui a sua ação artística. Assim começa a sua verdadeira vocação plástica, por meio de experimentações sensíveis transformar um não-lugar em um lugar.O artista interfere no fluxo da rotina diária das cidades, chamando a atenção para a indiferença que permeia a vida cotidiana, para a pressa que faz as pessoas olharem sem verem realmente o entorno, sem aterem-se aos lugares que, cada vez mais rápido, estão sendo tragados pelo tempo. O espaço público tornou-se um lugar viável para a prática artística e a arte urbana está clamando por uma atenção no sentido de trazer uma reflexão sobre o espaço e o pensamento contemporâneo.
A trajetória artística de Joelson Bugila divide-se entre o erudito e o popular e deixa transparecer no seu trabalho o domínio da técnica. A aparência lúdica e delicada dos seus personagens apresenta-se num invólucro de seriedade e nos arremessa para um olhar positivo diante da vida.A partir das intervenções na cidade o artista realiza pinturas e instalações valendo-se de materiais como o estêncil, colagens, desenhos a grafite e pinturas em acrílico, aplicados em outras superfícies como telas, papéis, caixas de leite, camisetas ou paredes de galerias. Cria personagens lúdicos: criaturas e monstros, deformados, coloridos, engraçados e, acima de tudo, expressivos; representa cenas do cotidiano, revela a vida comum por meio destes personagens imaginários com um toque sutil de crítica e de humor. Estes seres interagem com quem os observa através de impressões sensoriais de ternura, de afeto, de tristeza, de solidão...
Bugila constrói o seu vocabulário plástico enriquecendo-se de tudo o que absorve no seu dia-a-dia e sendo um jovem artista, o seu percurso recém iniciado é apenas um capítulo dentre tantos que com certeza virão. Qualquer cena do cotidiano pode ser transformada em uma possibilidade nova de trabalho, pois seu olhar atento não deixa escapar nenhum detalhe de tudo que o cerca. A expressão contemporânea que expande o lugar tradicional da representação é hoje sua preocupação; amanhã poderá significar o primeiro passo dado para novas atuações e novos conteúdos.
Ana Zavadil - Curadora

mArte Projeta


A Galeria de mArte, localizada na avenida Osvaldo Aranha 522 / sobreloja, é um ateliê conduzido por dez artistas e que segue o conceito contemporâneo de galeria coletiva. Fundada em 2001 com o propósito de difundir e estimular a arte contemporânea, a Galeria de mArte configura um espaço destinado a reunir, provocar e nutrir o diálogo entre artistas, grupos, instituições e consumidores de arte. Mais que uma galeria alternativa, este é um espaço que constrói a possibilidade de colocar em circulação novos artistas e suas produções, bem como proporcionar a criação de novas linguagens e estímulos artísticos.

No segundo semestre de 2008, a Galeria de mArte, dentro do projeto mArte Projeta, estará recebendo exposições de artistas convidados. Com curadoria de Ana Zavadil, essas mostras têm como objetivo abrir espaço para novos artistas, dando continuidade ao projeto de mArte de ser um espaço voltado a reflexão sobre arte e de divulgação do fazer artístico e de artistas, sejam eles novos ou consagrados.

mArte recomenda!



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A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia, convida:

M U Ô
mistérios corpóreos

Sol Casal
foto-esculturas


abertura 17/07 às 19h

Galeria dos Arcos - Usina do Gasômetro
Av. Pres. João Goulart, 551 - P. Alegre
de 17/07 à 17/08

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Realização: Secretaria Municipal de Cultura - SMC - Prefeitura de Porto Alegre
Apoio: DMAE ~ Citylab ~ Nieto ~ Vinhos do Mundo ~ Coruja

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Produção: Guadalupe Casal
http://solcasal.blogspot.com/

N Partes - Coletiva


No dia 1 de julho abre a exposição N partes, com trabalhos desenvolvidos pelos alunos da disciplina de Modelagem em Gesso do Instituto de Artes da UFRGS. A mostra contará com os trabalhos de nove jovens artistas e propõe um momento de reflexão e socialização de sua produção durante o curso da disciplina no primeiro semestre desse ano.


Abertura: 1 de julho, terça-feira
das 19 às 21h30
Visitação: de 02 a 30 de julho
de terça a domingo, das 14h às 18h

Galeria de mArte
Osvaldo Aranha, 522 sobreloja
Bom Fim - Porto Alegre
http://galeriademarte.blogspot.com
galeriademarte@uol.com.br

Desenhos em doses mínimas; pinturas em doses duplas - Flávio Morsch

A obra de Flávio Morsch é poesia feita de cores, de gestos e de linhas. O resultado indica um exercício de paciência e rigor técnico-formal onde a mão que seduz a matéria é a mesma que a leva por caminhos feitos de liberdade na criação. Desenhos em doses mínimas e pinturas em doses duplas são trabalhos que guardam especificidades próprias de cada linguagem, contudo proporcionam uma relação visual de jogo e de troca marcados pela presença de uma unidade formal que rege todo o conjunto: a pintura através de suas cores vibrantes dilui-se nos desenhos que provocam o fruidor por meio do imaginário do artista. O desenho, por sua vez, transmuta-se trazendo o silêncio às suas formas e texturas ao desmanchá-los em gradações de cores. A zona de passagem entre uma linguagem e outra é ato reflexivo que produz uma estrutura rigorosamente construída que nos fala da sensibilidade do artista e de suas escolhas existenciais e filosóficas.
Os desenhos são elaborados pelo domínio absoluto da técnica e da diversidade dos materiais utilizados, além das cores intensas de guaches, aquarelas, óleos e acrílicas, colagens de papéis japoneses e tailandeses, tecidos e papéis fotográficos, xilogravuras de padrões orientais, papéis tingidos com tinta a óleo pelo próprio artista e são geradores de novos padrões coloridos e ainda: o nanquim, o grafite e o lápis de cor, como ingredientes formadores deste universo gráfico. A sua poética revela requinte e enigma para a retina pois os personagens capturados do mundo animal tornam-se figuras imprevistas e se inscrevem num contexto em que os deixa a vontade num universo de firmeza e exatidão.
As pinturas refletem uma temática da cor. A cor, em exercício da própria cor, resplandecendo através da luz e das transparências. O tratamento dado à superfície é criado em faixas coloridas que traçam um percurso de alto a baixo, delimitadas por linhas previamente desenhadas. A tinta escorre por estas linhas em várias camadas, porém não cria texturas por seu uso ser diluído. As linhas justapostas, de modo a deixar o centro do trabalho com uma luminosidade maior e as bordas mais frias causam uma progressão do espaço dentro da pintura. A riqueza desta construção geométrica, com esta luz refletida transforma a pintura num holograma.
As obras formam um conjunto harmônico onde os desenhos significam anotações e são realizados de maneira metódica sobre o vazio do papel, enquanto que as pinturas remetem ao espaço puro; fruto de incessantes pesquisas em relação ao uso das cores e a uma disciplina de trabalho diário que o artista se impõe no processo criativo.
O amor à arte e o prazer do fazer artístico nos são revelados por Flávio Morsch através de sua estética refinada. A escolha de seu caminho é marcada pela relação indissociável entre arte e vida e a dualidade entre o espírito do cientista contrapondo com o espírito do poeta, oferece para a nossa contemplação uma arte de indizível beleza.

Ana Zavadil – curadora

Ornatos de Fantasia Geométrica, de Ana Flores

Ornatos de fantasia geométrica designam arabescos no dicionário de Buarque de Hollanda e intitula esta série de pinturas de Ana Flores. As unidades repetitivas que constroem o espaço pictórico têm como origem sua pesquisa sobre a azulejaria portuguesa do século XIX e os ladrilhos hidráulicos do século XX, ainda existentes na contemporaneidade.
A construção, rigorosamente sintética, tece um fluxo visual regular onde a superfície plasticamente viva se expande causando a sensação de movimento ininterrupto através das linhas ortogonais. Como um bordado que impõe um novo ritmo, os padrões cessam em lugares estratégicos. A continuidade das linhas e desenhos são sobrepostos por novas formas e cores indicando sutilezas ao olhar por entre transparências e opacidades.
Ana Flores divide a sua trajetória artística entre duas linguagens: a cerâmica e a pintura. A cerâmica se desdobra através da pintura ora em camadas diluídas de tinta ora em veladuras secas, originando um corpo que recria as imagens feitas no barro; a superfície pictórica de generosas dimensões, convida a artista ao corpo-a-corpo, ao embate direto requerido na cerâmica. Nestas duas linguagens Ana Flores reproduz fragmentos de um mundo real limitado ao seu tempo finito mas perenizado nos corpos cerâmicos e pictóricos.
Ana Zavadil - curadora